Todo lugar tem uma cara.
Berlim tem uma meio pálida, enrugada com maquiagem, cabelos com corte dos anos 1960, piercing, uma boca cheia de dentes renovados - alguns postiços, alguns restaurados.
Com expressão mal-humorada, Berlim fica engraçada quando deixa escapar seus sorrisos desajeitados. Tem um sotaque cada vez mais fraco e, quando fala, acaba soltando uma ou outra palavra em inglês, russo, turco, chinês, polonês, farsi, espanhol, italiano e francês. Quando bebe, mistura tudo.
Tem muitas histórias pra contar. Aliás, vive do passado, mas tentando se livrar dele. De qualquer forma, é esse tormento que ela deixa transparecer quando fala e quando se cala.
Quieta, sim; tímida, não. O olhar é sempre pra frente ou pra dentro, mesmo, sem vergonha, entretanto, do contato olho no olho. Mas nada de piscadinha. Ser notado por Berlim exige mais que sua presença. Nada que o tempo não ajude a resolver.
29 September 2008
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