22 February 2008

Sobre o amor

O amor é uma daquelas coisas tidas como patrimônio universal, uma espécie de bem público de que a maioria das pessoas usufrui, mas não possui.

Como acontece com futebol e Big Brother, o amor é um assunto em que cada um de nós se julga experto. Todo mundo dá palpite, todo mundo define, todo mundo julga. E muita gente compete quem ama mais, quem ama melhor, quem merece amar, quem não deveria ser amado, quem nunca vai aprender o que é amar e tantas outras coisas assim que estou de saco cheio de ouvir por aí.

Tudo bobagem!

Dizer que alguém é frio, inconstante, desconhecedor do verdadeiro amor ou indigno deste é fácil.

Dizer sempre é fácil.

Amar não é.

Acredito que alguns tipos de pessoas já nascem com uma certa disposição pra amar, enquanto outros crescem assistindo ao exemplo de quem ama ao seu redor.

Pode ser, entretanto, que muita gente, mesmo, passe a vida inteira sem amar ou sem saber ser amada. E daí? Como se o amor fosse garantia de felicidade... E como se felicidade fosse acumulada e, lá no final da vida, definisse quem teve uma vida melhor ou pior.

Quem ama sabe que não é assim.

Com uma coisa hei de concondar com a maioria: tudo fica mais fácil com a pessoa amada. E, se alguém disser que é o contrário, hei de concordar também.

E terei sempre razão. Ou nunca. Afinal de contas, o amor é assim mesmo, uma confusão só. Quem ama sabe. Quem não ama hoje simplesmente não lembra.

Por mais ponderados que sejamos, no amor, vale tudo. Dedos, línguas, palavrões, surras, algemas, saudades, distância, jóias, brigas, mentiras e verdades doídas, flores, lingeries, maquiagem, economia, carreira, chantagem, seqüestro, aprisionamento...

É a mais pura anarquia do mundo.

E é o amor o nosso calcanhar de Aquiles. Não há dinheiro, santo, armadura ou frieza que nos proteja do direito, da obrigação, da bênção ou da penitência de amar.

Quando o amor bate à porta trazido por uma ladra ordinária, ele entra em casa de uma vez só e, quando amanhece, todos os cômodos estão ocupados e os móveis carregam seu cheiro. De repente, a mais suja das mulheres, a mensageira do amor, conquista nossa atenção, corpo, pensamentos e valores morais cultivados por anos e anos vão parar no lixo. Jogados por nós próprios, mesmo sabendo que ela não “vale a calcinha que veste”.

Isso não é fantástico?

Não há promessas, alianças, juramentos, álbuns, mudanças, contratos, castidades nem ameaças que nos garantam que essa fonte de loucura, prazer e ódio nunca se esgote.

Enquanto quase tudo se compra, se troca e se vende... o amor ainda nos dá a sensação de justiça social. Permanece um patrimônio universal. Usufruído por todos, possuído por ninguém.

1 comment:

Anonymous said...

O “vale a calcinha que veste” foi engraçado...hehehe

Acho que tudo isso que está escrito aqui é mais paixão do que amor: "Dedos, línguas, palavrões, surras, algemas, saudades, distância, jóias, brigas, mentiras e verdades doídas, flores, lingeries, maquiagem, economia, carreira, chantagem, seqüestro, aprisionamento..." ou "conquista nossa atenção, corpo, pensamentos e valores morais cultivados por anos e anos vão parar no lixo."

Eu diria que o amor é algo social, algo que se aprende, alguns desde que nascem já são rodeados de amor e de demonstrações de amor, outros tem contato com o amor mais tarde e outros, algumas vezes, nunca o conhecem. Alguns aprendem a amar com os pais, outros com as amigos, outros em vivencias religiosas, e outros, por alguma razão, mesmo em contato com o amor, permanecem frios, com um obstáculo que o separa desse sentimento, energia...

O amor é um sentimento, uma energia maravilhora, é um sentimento completo, vc não ama mais ou menos, ou ama, ou nao ama...
O amor quando nos envolve, nos contamina, nos deixa maravilhados, totalmente...e tudo se torna perfeito quando se tem amor.
O amor nos dá coragem, forças, fé, confiança, nos traz amizades, enfim, tudo o que há de bom está ligado ao amor.
Ele não é um patrimonio, é algo magico que está ao nosso redor (algumas vezes mais, outras vezes menos, ou ainda, as vezes, nós é q não o vemos), e que está principalmente dentro de nós, e, tudo se torna mais belo quando amamos.
O amor é algo que se conquista, naturalmente, basta querermos e começarmos a amar, verdadeiramente.